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Minha Primeira Experiência Fora do Brasil

May 7 2019


Minha Primeira Experiência Fora do Brasil

Esse é meu primeiro post, então acho que seria legal começar me apresentando e contando um pouco o que eu tô fazendo por aqui.

Não sou nenhum escritor, nem sei escolher as palavras certas pra me expressar as vezes então, a quem ler, perdão pelos vacilos que possam acontecer. Na verdade eu sou programador, trabalho numa empresa jovem de vibe positiva na região norte de Santa Catarina, as vezes ataco de baixista numa banda com uns amigos, curso a faculdade ainda, etc e tal. Apesar te ter criado minha conta no Medium a algum tempo e ter vontade de escrever (assim como fazia muito quando criança) nunca tive um tema que realmente me motivasse, qualquer tema parecia repetido, reflexo de alguma leitura que eu já tinha feito em algum lugar. Mas recentemente tive uma experiência curta fora do Brasil, eu tenho certeza de que tudo o que e eu passei foi único e que qualquer coisa que eu escrever sobre vai ser realmente original, e essa foi minha motivação para escrever hoje.

A história começa lá por agosto ou outubro de 2016 que foi quando eu recebi um email da Acessoria Internacional da Univille informando sobre um curso intensivo de inglês no Canadá que estaria acontecendo durante julho de 2017.

Campanha Summer Course de 2016–2017

Era uma oportunidade de experimentar algo novo e foi de cara interessante, minha rotina já não me oferecia nenhuma surpresa a algum tempo, eu estava estressado com a faculdade e tinha direito a algumas férias no trabalho. Fui na reunião e valores e itens inclusos foram discutidos. Assinei o contrato, agora tinha 7 meses para conseguir o dinheiro do curso, aprimorar meu inglês o suficiente pra não ir parar em outro lugar do mundo, correr atrás de passaporte, visto, seguro, vacinas, malas, dinheiro canadense e passagens aéreas.

O primeiro desafio, o dinheiro pra bancar tudo, me preocupava pelo fato de que eu teria que mudar meu estilo de vida um pouco e fazer uma bela economia. O orçamento feito para 1 mês de curso era o valor de um carro popular usado, não é tão alto assim, mas é uma grana pesada pra conseguir em 7 meses. Consegui dar meu jeito, parcelei algumas coisas, deu tudo certo.

Eu já tinha uma certa facilidade com inglês, mas tinha vergonha de abrir a boca pra falar. Fiz um curso básico lá quando tinha uns 12 pra 13 anos, joguei bastante vídeo game nessa vida, assisti muito filme e desenho legendado, então eu já entendia alguém falando em inglês quase que 90% nessa altura do campeonato. Intensifiquei o uso do Duolingo pra aprimorar minha gramática, assisti muitos vídeos do Gavin no Youtube pra ajudar na minha fala e parti pro abraço.

A partir de fevereiro de 2017 comecei a correr com a questão do passaporte. Eu já tinha receio de não conseguir tirar o passaporte a tempo de tirar também o visto e comprar as passagens. No site da Receita Federal não tinha espaço disponível para atendimento nos próximos dois meses, aí eu tava lascado mesmo. Fui na Receita mesmo assim, dei uma chorada pra atendente, ela deu uma vasculhada no computador e achou uma vaga pra semana seguinte. Fiz o passaporte, deu tudo certo também.

Após isso foi a vacina contra febre amarela, eu fui num centro de vacinas municipal aqui de Joinville, não precisava marcar, era só chegar e fazer, tinha que levar o passaporte junto. Feita a vacina ganhei uma carteirinha internacional de vacinação.

Com relação a visto, seguro viagem e passagens aéreas eu recebi a indicação de uma agência de Santos com preços bem legais, foi aí que eu conheci a Luciane da Aulicino Turismo e Intercâmbio. Comprei com ela tudo o que eu precisava, algumas coisas parcelei no cartão de crédito, outras paguei a vista. Passagens aéreas eram 2 de ida e volta, de Curitiba pra São Paulo e São Paulo pro Canadá.

Depois comprei as malas, algumas roupas, comprei dólar canadense na Confidence Câmbio, consegui negociar um preço legal. Levei um total de 2500 CAD, parte em cédulas e parte em cartão, foi o suficiente e ainda sobrou.

Estava tudo certo. Numa sexta feira fui de carro de Joinville até o aeroporto próximo à Curitiba, de lá voei até São Paulo, aeroporto de Guarulhos é imenso. Passei o fim de semana em São Paulo.

Do Brasil para o meu destino final, cidade de Victoria, eram 15 horas de voo. Embarquei num domingo do aeroporto de Guarulhos com destino à Toronto, 10 horas sentado. Foi sofrido, não conseguia dormir direito, não tinha internet, tinha fila pra usar os banheiros toda hora. Mas chegando em Toronto foi recompensador, a paisagem era linda, várias construções, grandes prédios. Meu primeiro contato com o exterior aconteceu ali, eu finalmente estava em solo Canadense. Era nítido as diferenças culturais, várias pessoas vestidas com trajes diferentes, indianos, chineses, árabes. O banheiro do aeroporto eu achei estranho, porque as portas tem frestas bem grandes, dá pra ver quem tá lá dentro da casinha, além disso é comum por lá não jogar o papel sujo no lixeiro e sim na privada. Tudo bem que as privadas deles tem força o suficiente pra sugar uma pessoa pra dentro. Lá em Toronto aguardei mais umas 5 horas até o próximo voo que me levava até Victoria BC.

Toronto — Canadá

O segundo voo pareceu mais cansativo do que o primeiro, por mais que tivesse sido mais curto, porém algo interessante aconteceu. Conheci Patrícia, uma senhorinha muito gentil que estava sentada ao lado da minha poltrona. Autêntica canadense ela morava em Victoria e estava voltando de uma visita que fez para o filho em Toronto. Eu tímido sofria pra falar inglês com ela, mas ela com todo amor do mundo me ajudava a continuar conversando, inclusive me motivava mostrando os lugares que víamos do céu, instigando minha curiosidade. Ela me deu seu telefone, caso precisasse de alguma ajuda chegando lá.

Chegando no aeroporto de Victoria, bem mais simples do que o de Curitiba inclusive, fui procurar algo pra comer. Encontrei lanchonetes tipo Tim Hortons e Wendy’s, que nunca havia ouvido falar. Saindo do aeroporto peguei um Shuttle até a UVIC (Universidade de Victoria), que é um ônibus pequeno que te leva do aeroporto até algum lugar específico. O ticket eu havia comprado pela internet, custou 50 CAD ida e volta.

YYJ Airport Shuttle

No ônibus conversei com uma moça do Irã de uns 20 e poucos anos, conversamos um pouco sobre o que cada um estava indo fazer lá na universidade, eu indo estudar inglês e ela indo estudar francês, e também sobre futebol, ela sabia mais do que eu, até mesmo o quadro de jogadores atual do time brasileiro.

Chegando na UVIC procurei pelos CAs, os assistentes culturais, pessoas responsáveis por receber as pessoas dos programas de verão. Fiz meu cadastro e fiquei aguardando o meu quarto ficar pronto, afinal de contas cheguei mais cedo do que esperava.

Universidade de Victoria

Passeei pelo campus, o lugar é lindo demais, árvores, bosques, trilhas, fica perto da praia. Simplesmente fiquei encantado. Os prédios da universidade ficam basicamente dentro desse círculo que é possível ver na imagem acima, dentro desse círculo é proibido fumar, a não ser em alguns bancos bem escassos em lugares específicos. No campus da universidade tem uma biblioteca imensa chamada McPherson Library. Também tem centrinho de almoço, cheio de opções de restaurantes com espaços confortáveis e uma fonte de refrigerante. Tem centro comercial, cinema com filmes velhos, prédios estudantis, tem um pub perto do campus e vários outros por perto, piscina olímpica, quadras de esporte, academia, pista de ciclismo e escalada indor, entre várias outras coisas.

A vizinhança era pacata, só tinha mansão, pessoas gentis, veados e esquilos durante o dia, guaxinins durante a noite roubando latas de lixo. Tudo era muito limpo e organizado, não se via um concreto fora do lugar. Aliás, tinha muito pouco concreto, apenas o suficiente para acessibilidade. Carros tinha de todo tipo, muitos carros de luxo e marcas que a gente não tem aqui, as marcas populares eram outras.

Fui apresentado ao curso, conheci algumas pessoas numa festinha de integração organizado pelos anfitriões. Fiz um amigo do Equador, ele puxou papo elogiando minha camisa do Game of Thrones, mais tarde combinamos de fazer uma festa no fim de semana junto com outras pessoas que fizemos amizade. Pessoas essas de vários países diferentes, Colômbia, México, Coréia do Sul, Japão. Negócio louco.

No programa alguns passeios estavam inclusos, então fui para alguns lugares legais como o parque Elk Lake, as praias Cadboro Bay e London Bay, no centro da cidade visitei o Parlamento, Museu, ChinaTown, a baia.

Fui também para Vancouver passar um fim de semana, de Victoria até lá foi uma viagem de 3 horas de ferry. Estando lá fiquei hospedado em frente a um estádio de futebol, bem no centro da cidade, chique meu bem. Vi um monte de cena Tumblr e Insta rolando ao vivo na minha frente. Fui num parque lá onde tava rolando música ao vivo, pessoas fazendo equilibrismo ou topless e barraquinha de maconha, tem como não amar Vancouver? A noite fui numa balada onde 99% do público era negro, logo eu branquelo e franzino no meio de um monte de jogador da NBA. Eu não tinha nada a ver com o ambiente mas eu dancei no meio da pista com a galera, pessoal estranhou, achei que ia morrer, não morri. A balada ficava numa rua onde a noite acontecia, a rua era fechada pela polícia dos dois lados, ali dentro tinha mochileiro dormindo na rua, barraquinha de comida, músicos tocando, cachorros, vários brasileiros. Teve até um episódio engraçado, que eu ouvi uma guria falar “Olha o cachorríneo” e eu comentei surpreso — “Vocês também são brasileiros?!”, e ela me respondeu — “CLARO QUE SIM, TODO MUNDO É BRASILEIRO NESSA PO#A!!!”, extremamente grossa. Risos, brasileiro sendo brasileiro. Depois dessa noite voltei para o hotel e tomei um banho demorado de banheira pela primeira vez na vida. Acordei na manhã seguinte e parti de viagem para Victoria novamente.

Meus dias lá foram resumidos em aulas pela manhã, atividades extra pela tarde e passeios a noite. Alguns episódios que precisariam de um texto como esse para serem contados de tão bons.

Resumindo minha jornada, foi leve, tranquila, divertida demais, nunca vou me arrepender e quero fazer mais. Fiz o curso e saí com 84% de proficiência certificada, fiz também uma baita viagem, conheci pessoas, aprendi a me expressar em outra cultura e sobrevivi. Até dos pontos ruins eu gosto porque inclusive isso é experiência.

Formatura do Summer Course — Turma 4C

Obrigado pela atenção e pela leitura.

Até uma próxima!

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